O silêncio é algo que faz parte do nosso caminho, todos nós sabemos vários dos benefícios do silêncio, ele é tão essencial para nós quanto o som, muitas coisas são ditas pelo silêncio, muitas vozes são ouvidas dentro do silêncio, silenciar é em si um ato de profunda adoração e religiosidade. Muitos de nós às vezes quando chegamos cansados depois de um exaustivo dia de trabalho procuramos ficar em silêncio, não para pensar, não para ocupar nossa mente, mas simplesmente para fazermos uma simples e momentânea desintoxicação, um momento de silêncio para descansar.
Nós que vivemos nos grandes centros urbanos temos grande dificuldade para termos um silêncio verdadeiro e pleno, isso muitas vezes é impossível para nós. Aqui em São Paulo, por exemplo, nós sabemos que essa cidade não pára, não temos mais horário para descansar, nos habituamos a viver com o barulho e com a poluição sonora, mas quando podemos procuramos os lugares menos barulhentos possíveis para descansarmos dos lugares onde normalmente trabalhamos, centros e afins, onde a concentração de barulho, pessoas e carros são muito maiores.
O silêncio precede a prece, porque ele em si só é uma prece. Quando nós paramos para silenciarmos e ofertamos isso aos deuses, nós podemos ouvir suas vozes que falam conosco todo o tempo, mas que nunca as escutamos porque estamos muito ocupados com o nosso barulho, com os nossos pensamentos, emoções, preocupações, sentimentos. Devemos buscar não silenciar somente o ambiente externo, mas devemos silenciar também o ambiente interno, não importa o quanto sua mente te instigue a pensar ou falar com um deus, com si mesmo, o silêncio é sagrado e deve ser visto e executado como um ato sagrado. No momento em que buscamos o silêncio devemos nos lembrar que os pensamentos são distrações , que qualquer movimento é distração.
Mas, é claro que é muito fácil falar, difícil mesmo é calar e calar exige técnica, disciplina e força de vontade. Veja por si mesmo o quanto é difícil pararmos, por cinco minutos tente imobilizar seu corpo. Verá que em menos tempo que isso seu corpo estará fazendo todo o esforço do mundo para se mover, coceiras surgirão, espasmos, tensão muscular, etc. Com a mente isso se torna ainda mais difícil, porque ela está habituada a viver pensando e falando e cantando e saltitando de uma imagem a outra, de um sentimento a outro, você se verá dando ordens para os seus pensamentos calarem e quando der por si mesmo, verá que suas ordens também são pensamentos que tentam conter pensamentos que não se contém e isso vira uma loucura. Silenciar realmente é muito mais difícil do que parece. Mas, isso é possível com práticas diárias, disciplina e auto-controle.
Também há um outro tipo de silêncio quando estamos falando de religiosidade e de caminho espiritual, o calar. Não é porque agora que você decidiu ser um reconstrucionista helênico que você deve anunciar pelas ruas do bairro num carro de som. O que você faz para os deuses, o que fala com eles, o que sacrifica para eles, o que está doando para eles não diz respeito a ninguém, além de você e eles e mais alguém que trilhe esse caminho com você. Portanto, você não precisa se explicar pra ninguém se por acaso deixou de comer carne para levar uma vida mais vegetariana se isso é feito em função de “auto-sacrifício” para um deus, não tem que se explicar para familiares, amigos, namoradas, amantes porque deixou de fazer isso ou aquilo, comer isso ou aquilo, beber isso ou aquilo, ou porque todos os dias você reserva o horário do pôr-do-sol para fazer uma prece. Se ocorre de seu “auto-sacrifício” criar ausência de alguma ação sua para com o outro, explique que aquilo é preciso naquele momento, que durará o tempo que você já premeditou e que depois disso tudo voltará ao normal, que é algo que está fazendo que tem a ver com sua religião e só. Nada mais precisa ser dito.
O calar consiste em calarmos a nós mesmos quanto nossos desejos, quanto ao que pensamos. No ocultismo muitos gostam de citar Crowley que diz que “vontade sem ânsia de resultado é de todo perfeita”. Não há verdade maior. Se entregamos algo que desejamos para os deuses e temos certeza de que ele ouviu aquela prece, não tem porquê ficarmos falando disso o tempo inteiro, não há motivo para ficarmos pensando ou averiguando se os deuses estão fazendo o que pedimos ou não. Primeiro porque isso é tolice, muitas vezes nós pedimos algo aos deuses e julgamos que alguma situação parecida com aquilo que pedimos é exatamente aquilo que pedimos e não é. Os deuses seguem um caminho próprio e por mais que muitas vezes pareça que eles não estão fazendo o que pedimos, na maioria das vezes eles estão, mas o modo como estão fazendo não é o modo como pensamos que seria feito.
Não pensar em seu desejo também te ajuda a não duvidar do que está sendo feito, mas eu sei o quanto não duvidar é difícil para pessoas mais céticas com isso, como eu. Enfim, não há problema algum em você pedir aos deuses que eles te mostrem, que dêem sinais, isso implica no ato de silêncio também, você tem de se tornar mais observador, mais contemplativo, para poder ver os sinais e entender melhor em que linguagem os deuses falam contigo. Se pensar em seu desejo, vai duvidar, se duvidar vai “estragar tudo”. Às vezes seu pedido tem a ver com uma grande preocupação e você diz: “É impossível esquecer isso!”, tem coisas que realmente não querem de modo algum sair da nossa mente, nesses casos nós podemos apelar para as distrações, ocupe sua mente ao máximo, trabalhe mais, leia mais, tente escrever de um modo diferente do seu habitual, converse mais sobre coisas que não te lembrem disso, assista a filmes que prendam a atenção, uma leitura difícil, whatever. Todos nós sabemos que podemos controlar isso tudo, basta disciplinar-se para tanto.
Se aprendermos a silenciar e a calar e tornarmos isso um hábito num mundo tão barulhento, tenho certeza de que estaremos muito mais próximos do divino.
Nós que vivemos nos grandes centros urbanos temos grande dificuldade para termos um silêncio verdadeiro e pleno, isso muitas vezes é impossível para nós. Aqui em São Paulo, por exemplo, nós sabemos que essa cidade não pára, não temos mais horário para descansar, nos habituamos a viver com o barulho e com a poluição sonora, mas quando podemos procuramos os lugares menos barulhentos possíveis para descansarmos dos lugares onde normalmente trabalhamos, centros e afins, onde a concentração de barulho, pessoas e carros são muito maiores.
O silêncio precede a prece, porque ele em si só é uma prece. Quando nós paramos para silenciarmos e ofertamos isso aos deuses, nós podemos ouvir suas vozes que falam conosco todo o tempo, mas que nunca as escutamos porque estamos muito ocupados com o nosso barulho, com os nossos pensamentos, emoções, preocupações, sentimentos. Devemos buscar não silenciar somente o ambiente externo, mas devemos silenciar também o ambiente interno, não importa o quanto sua mente te instigue a pensar ou falar com um deus, com si mesmo, o silêncio é sagrado e deve ser visto e executado como um ato sagrado. No momento em que buscamos o silêncio devemos nos lembrar que os pensamentos são distrações , que qualquer movimento é distração.
Mas, é claro que é muito fácil falar, difícil mesmo é calar e calar exige técnica, disciplina e força de vontade. Veja por si mesmo o quanto é difícil pararmos, por cinco minutos tente imobilizar seu corpo. Verá que em menos tempo que isso seu corpo estará fazendo todo o esforço do mundo para se mover, coceiras surgirão, espasmos, tensão muscular, etc. Com a mente isso se torna ainda mais difícil, porque ela está habituada a viver pensando e falando e cantando e saltitando de uma imagem a outra, de um sentimento a outro, você se verá dando ordens para os seus pensamentos calarem e quando der por si mesmo, verá que suas ordens também são pensamentos que tentam conter pensamentos que não se contém e isso vira uma loucura. Silenciar realmente é muito mais difícil do que parece. Mas, isso é possível com práticas diárias, disciplina e auto-controle.
Também há um outro tipo de silêncio quando estamos falando de religiosidade e de caminho espiritual, o calar. Não é porque agora que você decidiu ser um reconstrucionista helênico que você deve anunciar pelas ruas do bairro num carro de som. O que você faz para os deuses, o que fala com eles, o que sacrifica para eles, o que está doando para eles não diz respeito a ninguém, além de você e eles e mais alguém que trilhe esse caminho com você. Portanto, você não precisa se explicar pra ninguém se por acaso deixou de comer carne para levar uma vida mais vegetariana se isso é feito em função de “auto-sacrifício” para um deus, não tem que se explicar para familiares, amigos, namoradas, amantes porque deixou de fazer isso ou aquilo, comer isso ou aquilo, beber isso ou aquilo, ou porque todos os dias você reserva o horário do pôr-do-sol para fazer uma prece. Se ocorre de seu “auto-sacrifício” criar ausência de alguma ação sua para com o outro, explique que aquilo é preciso naquele momento, que durará o tempo que você já premeditou e que depois disso tudo voltará ao normal, que é algo que está fazendo que tem a ver com sua religião e só. Nada mais precisa ser dito.
O calar consiste em calarmos a nós mesmos quanto nossos desejos, quanto ao que pensamos. No ocultismo muitos gostam de citar Crowley que diz que “vontade sem ânsia de resultado é de todo perfeita”. Não há verdade maior. Se entregamos algo que desejamos para os deuses e temos certeza de que ele ouviu aquela prece, não tem porquê ficarmos falando disso o tempo inteiro, não há motivo para ficarmos pensando ou averiguando se os deuses estão fazendo o que pedimos ou não. Primeiro porque isso é tolice, muitas vezes nós pedimos algo aos deuses e julgamos que alguma situação parecida com aquilo que pedimos é exatamente aquilo que pedimos e não é. Os deuses seguem um caminho próprio e por mais que muitas vezes pareça que eles não estão fazendo o que pedimos, na maioria das vezes eles estão, mas o modo como estão fazendo não é o modo como pensamos que seria feito.
Não pensar em seu desejo também te ajuda a não duvidar do que está sendo feito, mas eu sei o quanto não duvidar é difícil para pessoas mais céticas com isso, como eu. Enfim, não há problema algum em você pedir aos deuses que eles te mostrem, que dêem sinais, isso implica no ato de silêncio também, você tem de se tornar mais observador, mais contemplativo, para poder ver os sinais e entender melhor em que linguagem os deuses falam contigo. Se pensar em seu desejo, vai duvidar, se duvidar vai “estragar tudo”. Às vezes seu pedido tem a ver com uma grande preocupação e você diz: “É impossível esquecer isso!”, tem coisas que realmente não querem de modo algum sair da nossa mente, nesses casos nós podemos apelar para as distrações, ocupe sua mente ao máximo, trabalhe mais, leia mais, tente escrever de um modo diferente do seu habitual, converse mais sobre coisas que não te lembrem disso, assista a filmes que prendam a atenção, uma leitura difícil, whatever. Todos nós sabemos que podemos controlar isso tudo, basta disciplinar-se para tanto.
Se aprendermos a silenciar e a calar e tornarmos isso um hábito num mundo tão barulhento, tenho certeza de que estaremos muito mais próximos do divino.