"Magia é a arte de provocar mudanças a partir da vontade" , Aliester Crowley

Eu vou falar no texto de hoje sobre as bases da magia, e lhes pergunto: o que seria magia?
Acho que é um significado subjetivo que estou procurando , na verdade a pergunta mais
adequada seria: "O que é magia para você ?".

Eu , particularmente vou explicar magia do ponto de vista do Crowley, como vontade sobre
matéria, na verdade o que eu entendi disso.
Para alguem praticar magia não precisa ficar estudando vários anos,lendo livros antigos ,
basta querer muito uma coisa e usar um simbolismo próprio qualquer , um deus por exemplo,
para fazer uma ligação com o universo e "dizer" a ele a sua vontade.
Há váaaaaarias formas de se fazer isso, por exemplo, oração, prece, vigília, meditação...
acho que entenderam onde quero chegar, mas o importante de se entender é que não é uma
coisa que tem a ver com religiosidade necessáriamente, mas com força de vontade.

O universo é uma coisa caótica que não entendemos bem o seu funcionamento e nem o porque
que certas coisas acontecem, mas os magistas sabem que se tiver auto-controle e auto-
conhecimento, conseguimos fazer com que a nossa vontade seja inserida no universo, como se
estivéssemos programando ele.

Então , para se fazer magia , antes de mais nada, precisamos nos controlar.
O ser mais poderoso do universo não é aquele que controla a todos e tudo a sua volta, mas
sim o que se controla plenamente. Então, determinamos os niveis de magia à partir de
determinado ponto de controle , quanto mais controlado o magista é , mais poderoso ele
fica.

Se quiser fazer magia de verdade, o primeiro passo é praticar o auto-controle , depois
entrar em contato com um "link" entre sí mesmo e o universo.
Comece fazendo a sua vontade ser suprema na sua vida , e depois "peça" ao universo para que
conspire com a sua vontade e te ajude a concretizar os seus desejos.

Mas pratique sempre e nunca desista de nada, masgista ou não, sem vontade não se chega a
lugar algum.




Zeus foi o rei dos deuses, o deus do céu e da tempestade, do destino dos homens e nações, da lei, da justiça e da conduta moral. Ele foi largamente cultuado na Grécia Antiga com numerosos templos e santuários. Muitos desses foram localizados no topo de colinas ou picos de montanhas, encontrou-se lugares onde oferendas eram tradicionalmente feitas para o deus que traz a chuva. Ele foi também cultuado particularmente pelas famílias em pequenos templos domésticos. - Retirado do site Theoi


Xenios (Hospitaleiro): aquele que guarda a hospitalidade. Zeus também é chamado de protetor dos deveres de hospitalidade (Xenios)”. – Retirado do site Theoi

Por algum motivo hoje eu decidi falar um pouco sobre Zeus, deus ao qual eu sei muito pouco, embora estivesse sempre presente em minha vida de uma maneira ou de outra. Acho que como as outras pessoas eu gostava de pensar mais a respeito de um Zeus guerreiro, portador da égide, soberano, rei, senhor de tamanha nobreza ao qual muitas vezes eu não julgava estar sequer aos pés.
Admito ter ficado espantada quando li há algum tempo que Zeus era protetor dos casamentos (Gamelios), protetor das provisões (Ktesios), mas o que mais me chamou a atenção e pelo o que eu realmente quero falar neste ensaio é sobre Zeus Xênios, aquele que guarda a hospitalidade, o protetor dos deveres de hospitalidade. Na Antiga Grécia, era obrigação receber bem todo e qualquer estrangeiro, de prestar cuidados, auxílio e hospitalidade, isso era um código inviolável de paz.
Nos dias em que vivemos é muito difícil honrar esse código de conduta, nem sempre nós podemos abrir as portas de nossas casas para receber um estranho porque não sabemos na verdade o que nos pode acontecer. Vivemos temerosos e inseguros diante da brutal violência a qual temos de lidar em nosso cotidiano, além de vivermos numa sociedade que carece sem sombra de dúvida de valores. Porém, não por isso devemos deixar de exercer esse código.
Quando recebemos um amigo ou um amigo de um amigo em nossa casa, nós devemos dar-lhe o que há de melhor lá. Não precisa seguir um manual para saber como tratar alguém como que se estivesse recebendo um rei em sua casa, todos nós sabemos como agir, como agradar, como cuidar, como acolher alguém. É dessa forma que devemos ver as pessoas, como nobres que atravessam o nosso caminho, sejam essas pessoas o que forem. Damos o que há de melhor para elas, não para mostrar o que temos, mas sim para nos enobrecer com tal gesto, como faziam os antigos. Cultuar Zeus implica também em seguir seus códigos, fazer aquilo que a energia do Deus nos impele a fazer.
Quando recebemos as pessoas em nossas vidas, seja da forma como for, temos de dar a elas a nossa hospitalidade, o auxilio que elas precisam, cuidar das coisas que elas necessitam e quando partirem sabermos que fomos nobres em nossos gestos e que se algum dia precisarmos estar numa terra estrangeira, talvez tenhamos amigos lá também para nos acolher. Falo também de forma figurada. Muitas vezes pessoas entram em nossa vida num momento em que precisam de nós, podemos dar as costas e fingir que não ouviu as batidas em nossa porta, como podemos abrir a porta e acolhê-las e cuidar delas no tempo em que estiverem em nossas vidas.
Nós pensamos muitas vezes que nem sempre a pessoa agirá com reciprocidade e talvez quando precisarmos dela, ela não nos ajude. Pensamos também que ela pode violar o nosso lugar sagrado, bagunçar com a nossa vida, trair nossa boa índole e se isso acontecer, ela estará violando um acordo sagrado e nós temos todo o direito de declarar “guerra” a essa pessoa, pedir por justiça, buscar pela justiça. Esse caso é muito bem exposto na Ilíada quando Páris abusou da boa acolhida do rei Menelau de Esparta e levou Helena consigo para Tróia. Não somente pelo adultério e desonra do rei Menelau, porém ser acolhido, bem recebido e retribuir todo o apreço do anfitrião com uma traição humilhante era inadmissível. Violar uma regra sagrada era incitar a guerra.
As Máximas Délficas que nos lembra sempre disso são as quatro listadas abaixo, segundo a minha percepção:


55. Dê de volta o que recebeu (Λαβων αποδος) .
93. Lide gentilmente com todos (Φιλοφρονει πασιν)
97. Seja cortês (Ευπροσηγορος γινου)
106. Seja grato (Ευγνωμων γινου)

Da mesma forma nós devemos lidar com os deuses, como muito bem explicado num artigo de Carolyn Hanson, traduzido para o português por Alexandra Nikasios:


Xenia - Amizade convidativa, hospitalidade. O anfitrião e o hóspede/convidado são unidos por concordâncias especiais de amizade, proteção e reciprocidade. Tal relacionamento não é muito diferente do relacionamento entre um cultuador e um Deus. - Conceitos Importantes na Religião Helênica

Como reconstrucionistas helênicos é um dever exercer a hospitalidade como uma forma de honrar e alegrar Zeus, carentes de valores como estamos, devemos buscar agir em nossas vidas adotando códigos de condutas que condizem com a nossa fé e assim ter também um bom relacionamento com nossos deuses e nossos antepassados que nos legaram essa religiosidade que buscamos exercer hoje. Fazer rituais é importante, mas não é somente isso que precisamos para exercer nossa espiritualidade.

Que Zeus e Apolo nos abençoem nessa obra.
Ésto.

O silêncio é algo que faz parte do nosso caminho, todos nós sabemos vários dos benefícios do silêncio, ele é tão essencial para nós quanto o som, muitas coisas são ditas pelo silêncio, muitas vozes são ouvidas dentro do silêncio, silenciar é em si um ato de profunda adoração e religiosidade. Muitos de nós às vezes quando chegamos cansados depois de um exaustivo dia de trabalho procuramos ficar em silêncio, não para pensar, não para ocupar nossa mente, mas simplesmente para fazermos uma simples e momentânea desintoxicação, um momento de silêncio para descansar.
Nós que vivemos nos grandes centros urbanos temos grande dificuldade para termos um silêncio verdadeiro e pleno, isso muitas vezes é impossível para nós. Aqui em São Paulo, por exemplo, nós sabemos que essa cidade não pára, não temos mais horário para descansar, nos habituamos a viver com o barulho e com a poluição sonora, mas quando podemos procuramos os lugares menos barulhentos possíveis para descansarmos dos lugares onde normalmente trabalhamos, centros e afins, onde a concentração de barulho, pessoas e carros são muito maiores.
O silêncio precede a prece, porque ele em si só é uma prece. Quando nós paramos para silenciarmos e ofertamos isso aos deuses, nós podemos ouvir suas vozes que falam conosco todo o tempo, mas que nunca as escutamos porque estamos muito ocupados com o nosso barulho, com os nossos pensamentos, emoções, preocupações, sentimentos. Devemos buscar não silenciar somente o ambiente externo, mas devemos silenciar também o ambiente interno, não importa o quanto sua mente te instigue a pensar ou falar com um deus, com si mesmo, o silêncio é sagrado e deve ser visto e executado como um ato sagrado. No momento em que buscamos o silêncio devemos nos lembrar que os pensamentos são distrações , que qualquer movimento é distração.
Mas, é claro que é muito fácil falar, difícil mesmo é calar e calar exige técnica, disciplina e força de vontade. Veja por si mesmo o quanto é difícil pararmos, por cinco minutos tente imobilizar seu corpo. Verá que em menos tempo que isso seu corpo estará fazendo todo o esforço do mundo para se mover, coceiras surgirão, espasmos, tensão muscular, etc. Com a mente isso se torna ainda mais difícil, porque ela está habituada a viver pensando e falando e cantando e saltitando de uma imagem a outra, de um sentimento a outro, você se verá dando ordens para os seus pensamentos calarem e quando der por si mesmo, verá que suas ordens também são pensamentos que tentam conter pensamentos que não se contém e isso vira uma loucura. Silenciar realmente é muito mais difícil do que parece. Mas, isso é possível com práticas diárias, disciplina e auto-controle.
Também há um outro tipo de silêncio quando estamos falando de religiosidade e de caminho espiritual, o calar. Não é porque agora que você decidiu ser um reconstrucionista helênico que você deve anunciar pelas ruas do bairro num carro de som. O que você faz para os deuses, o que fala com eles, o que sacrifica para eles, o que está doando para eles não diz respeito a ninguém, além de você e eles e mais alguém que trilhe esse caminho com você. Portanto, você não precisa se explicar pra ninguém se por acaso deixou de comer carne para levar uma vida mais vegetariana se isso é feito em função de “auto-sacrifício” para um deus, não tem que se explicar para familiares, amigos, namoradas, amantes porque deixou de fazer isso ou aquilo, comer isso ou aquilo, beber isso ou aquilo, ou porque todos os dias você reserva o horário do pôr-do-sol para fazer uma prece. Se ocorre de seu “auto-sacrifício” criar ausência de alguma ação sua para com o outro, explique que aquilo é preciso naquele momento, que durará o tempo que você já premeditou e que depois disso tudo voltará ao normal, que é algo que está fazendo que tem a ver com sua religião e só. Nada mais precisa ser dito.
O calar consiste em calarmos a nós mesmos quanto nossos desejos, quanto ao que pensamos. No ocultismo muitos gostam de citar Crowley que diz que “vontade sem ânsia de resultado é de todo perfeita”. Não há verdade maior. Se entregamos algo que desejamos para os deuses e temos certeza de que ele ouviu aquela prece, não tem porquê ficarmos falando disso o tempo inteiro, não há motivo para ficarmos pensando ou averiguando se os deuses estão fazendo o que pedimos ou não. Primeiro porque isso é tolice, muitas vezes nós pedimos algo aos deuses e julgamos que alguma situação parecida com aquilo que pedimos é exatamente aquilo que pedimos e não é. Os deuses seguem um caminho próprio e por mais que muitas vezes pareça que eles não estão fazendo o que pedimos, na maioria das vezes eles estão, mas o modo como estão fazendo não é o modo como pensamos que seria feito.
Não pensar em seu desejo também te ajuda a não duvidar do que está sendo feito, mas eu sei o quanto não duvidar é difícil para pessoas mais céticas com isso, como eu. Enfim, não há problema algum em você pedir aos deuses que eles te mostrem, que dêem sinais, isso implica no ato de silêncio também, você tem de se tornar mais observador, mais contemplativo, para poder ver os sinais e entender melhor em que linguagem os deuses falam contigo. Se pensar em seu desejo, vai duvidar, se duvidar vai “estragar tudo”. Às vezes seu pedido tem a ver com uma grande preocupação e você diz: “É impossível esquecer isso!”, tem coisas que realmente não querem de modo algum sair da nossa mente, nesses casos nós podemos apelar para as distrações, ocupe sua mente ao máximo, trabalhe mais, leia mais, tente escrever de um modo diferente do seu habitual, converse mais sobre coisas que não te lembrem disso, assista a filmes que prendam a atenção, uma leitura difícil, whatever. Todos nós sabemos que podemos controlar isso tudo, basta disciplinar-se para tanto.
Se aprendermos a silenciar e a calar e tornarmos isso um hábito num mundo tão barulhento, tenho certeza de que estaremos muito mais próximos do divino.



“Ele nos motiva a sair do sofá e fazer uma mudança. Ele é a personificação da evolução. Mude ou morra. Abrace o conflito e procure pela vantagem nisso”. – Alexandra Nikasios em A Força de Ares





“O mundo pode ser um lugar duro e cruel. Ares nos ajuda a passar por isso. Suas bênçãos são a força, a coragem, a fortaleza, a astúcia, e a paixão em lutar pelas coisas que achamos importantes. Ele nos ajuda a desprender o que não for eficiente, a nos tornarmos firmes a fim de encontrar a adversidade da vida. Ele é um mestre durão, mas quando as coisas começam a desmoronar à sua volta, ele é precisamente a pessoa que você vai querer ao seu lado." (Sannion)






Assistindo Roma, num momento a amante de Julio César recebe uma correspondência dele e não gosta ao ver que ele usa a palavra “afeto” ao invés de usar a palavra “amor”. Sua serva sorri e a lembra: “O que você queria? Que ele aparecesse por aqui tocando harpa? Por favor, ele é um soldado, não um poeta!”. É dessa forma que Ares se comunica também, simples, direto, com poucas palavras e muitas ações, ele me faz compreender, por bem ou por mal, mas me faz compreender.


Eu ainda preciso falar mais sobre ele, porque gosto muito da presença tão constante Dele em minha vida, gosto da maneira simples como Ele fala comigo, comentava ontem mesmo com a minha irmã sobre isso, que Ele vem tão simplesmente e diz uma frase perfeita, algo como “Não há nada que você não me peça que eu não atenda” ou algo como “Vou fazer o que me pediu para que não pense que os deuses gregos não estão fazendo nada” ou “Isso tem que acontecer. É assim que tem de ser”. São assim sempre as lembranças de meus sonhos com Ares, frases simples, determinantes e duras.


Falava com um amigo helênico ontem e ele me dizia da época em que tinha um amuleto de Ares, muito sabiamente, ele falava sobre sua época de batalha, onde ele tinha que lutar contra muitas coisas, que ele tinha muitos desejos que queria realizar e que ele estava acima de tudo com sua auto-estima muito baixa. Bem, eu pensei, eu estou numa guerra parecida e tenho muitas coisas para conquistar, muitos bloqueios para ultrapassar e uma auto-estima para cuidar também e nisso tudo, Ares é o cara que eu quero mesmo que esteja por perto.


Ares é o pai sim de Fobos (medo) e Deimos (pânico) e tanto Fobos quanto Deimos já estiveram muito presentes numa fase complicada da minha vida, eu os entendo bem, os reconheço bem e embora sei o quanto eles são eficazes em certos momentos, sei que tenho uma propensão à não desobedecer às ordens de ambos, por isso estou sempre lutando contra eles, para que eles não me paralisem. Mas, Ares também é pai de Harmonia e não podemos desconsiderar isso de maneira alguma. Porém, pouco me importa nesse momento seus filhos, é da presença desse deus que eu quero falar, como uma forma de honrá-lo, de nos lembrar que a guerra é muito mais presente em nosso cotidiano do que nós julgamos.


Foi pedindo para Ares desobstruir meu caminho para aquilo que eu desejo alcançar que tudo aconteceu. Eu estava presa numa situação a qual eu me via como perdedora, fracassada. Quando vi que nessa situação uma pessoa que ocupava o lugar que eu almejava alcançar estava sendo protegida, eu não pude compreender. Como Ele que devia estar ao meu lado e abrindo os meus caminhos havia se colocado contra mim daquela maneira?


Foi o meu momento de fúria e lágrimas, não compreendia aquele momento. Quando Ele me disse que era assim que tinha que ser, eu me conformei a contragosto, Ele devia no mínimo saber o que estava fazendo, eu ainda não compreendia toda a situação, mas tinha uma sensação de que o que Ele estava fazendo fazia parte de um plano maior. Fui seguindo, até que tudo ficou realmente muito claro e eu me alegrei.


O lugar que eu queria alcançar na verdade não tinha nada a ver com o que eu realmente queria, minha visão estava deturpada e aquilo que eu pensava que era realmente o que eu desejava, era na verdade meu inferno na terra. Honrando minha natureza nobre e seguindo exatamente aquilo que eu tinha pedido, Ele de fato não me deu aquilo que eu pensei que estava intrinsecamente ligado ao meu desejo. Foi com alívio que eu consegui enxergar a situação com os olhos limpos, fiquei emocionada com a extrema proteção que esse Deus me proporcionou, Ele me honrou acima de qualquer coisa, como eu tanto clamava aos Deuses para me honrarem.


Com isso tive novamente que averiguar que nem sempre o que parece ruim é na verdade ruim e isso me deu um novo ar, isso só fez aumentar minha confiança em meus deuses, saber que Eles jamais vão me dar aquilo que me fará sofrer sem que eu tenha realmente que passar por isso, me deixa tranqüila e confiante. Nos prendemos muitas vezes em situações terríveis, achando que é exatamente isso o que nós merecemos, quando estamos na verdade mascarando o inferno que desejamos para nós e enquanto não deixamos que o tempo e os deuses nos faça compreender o motivo, não nos desprendemos dessas situações doentias que só nos puxam pra baixo.


De sua forma simples e rude, Ares estranhamente me arrancou daquilo que só me faria mal e me colocou num ponto de partida, onde eu noto que ainda há muito que fazer e que há muito que aprender e que não posso ainda supor como será daqui em diante, mas ele simplesmente tirou do meu caminho (ou da minha mente) aquele desejo deturpado que não me deixava seguir em frente enquanto passava meus dias tentando entender que diabos havia acontecido para que eu não alcançasse aquilo que eu almejava.


Temos de aprender que nossas mentes têm uma maldita mania de fazer com que pensamos que uma casa de madeira é uma casa de concreto, não importa quanta tinta jogamos nessa casa, uma casa de madeira é sempre uma casa de madeira e os deuses jamais nos darão uma casa de madeira quando pedimos uma casa de concreto, porque eles vêem muito além de nós e conhecem a essência das coisas e sabem sempre que por mais que pensamos que uma casa de madeira é uma casa de concreto, eles nos farão, por bem ou por mal, ver que aquela casa que inicialmente pensamos ser a que queríamos na verdade está longe de ser o que realmente queríamos. Lutar contra isso é tolice. Se vamos lutar, vamos lutar realmente por aquilo que queremos.



Efcharisto, Ares Ginaikothonias, aquele que as mulheres festejam.

(...)Os sacerdotes não têm uma doutrina na qual se formam, não há um dogma. Eles
executam os atos do culto, mas não propagam ensinamentos. Há famílias
sacerdotais providas de funções hereditárias, particularmente nos cultos de
mistérios (como os Mistérios Eleusianos), e algumas conseguem manter mistérios
muito seus, com suas próprias tradições, sem misturar com a do poder civil. Em
certos santuários, nessas famílias, e nas associações de culto (thiases)
conservam-se narrativas orais secretas, que eram locais, não havia uma doutrina
comum a todos os gregos. (...) - Ferdnand Robert

Muitos dentre os que escolhem o paganismo, normalmente estão buscando algum tipo de status, ou tentando mostrar aos outros o quanto são diferentes, ou mesmo pessoas que procuram por aceitação por algum tipo de necessidade psicológica. É comum notarmos nesse meio muita gente carente, ou pessoas que esperam na magia e feitiçaria encontrar uma muleta, uma solução fácil e simples para seus problemas, para os seus dilemas. O que é uma pena, porque essas pessoas muitas vezes não vêem que o paganismo é um caminho para os fortes.
Vivemos numa época estranha, onde o cristianismo tomou nossa sociedade de tal forma, que somos ainda marginalizados, mesmo praticando nossas religiões num país onde o culto é livre e defendido por lei como o Brasil. É cansativo para nós que tivemos um chamado dos deuses pagãos ter de conviver com o preconceito, com a discriminação e tantas outras pequenas coisas cotidianas que só um pagão sabe na pele o que são. Vivemos numa sociedade maluca e que carece de valores.
Nós, em especial, por afinidade ou chamado, somos reconstrucionistas da religião helênica e temos por disposição escrever nesse blog experiências pessoais e de culto, para que assim possamos divulgar o Helenismo, trazer mais informações a respeito dos deuses gregos e de como, nós “Helênicos”, levamos nossas vidas cotidianas nesse mundo moderno, vivendo perfeitamente bem com nossos deuses (dos Helenos) e tornando-nos melhores como pessoas. Não estamos aqui dizendo “verdades absolutas” e tampouco sendo porta-voz da religião helênica, ao contrário, estamos aprendendo e praticando, buscando entender nossa própria fé e nosso próprio ser por intermédio de nossa religião. Nós estamos buscando conhecer a nós mesmos e nossa religião é nosso apoio para isso.
A Thiases como chamamos, ou Tíasos, como preferir, é ainda um pequeno grupo onde praticamos e estudamos o Helenismo por intermédio de companheirismo e fraternidade, buscamos em grupo crescermos como indivíduo e dar força ao culto aos Antigos Deuses Gregos, a quem chamamos de nossos deuses. Por meio de nossas experiências vamos compreendendo aos poucos a fé dos antigos povos e nos transformando e nos moldando para viver da melhor maneira possível e não para salvar nossas almas. Com meus irmãos tenho aprendido muito, por meio de nossas experiências mágico-religiosas, por meio de nossas experiências sociais, há sempre um meio de aprender ser melhor. E é essa nossa pré-disposição, trazer de volta o culto aos antigos deuses gregos, nos tornarmos melhores e crescermos em grupo por qualidade e não em quantidade.

“Que Zeus inefável e Dionísio Três Vezes Revelador, nos infernos, na terra e no
céu, sejam propícios a tua mocidade e que vertam em teu coração a ciência dos
deuses”. – Benção Órfica.


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